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Municípios pequenos crescem e Paraná fica menos desigual
Segunda-feira, 14 de novembro de 2016
 
 

A vida no município de São João, no Sudoeste do Estado, mudou com a inauguração de um frigorífico de aves e a instalação de duas fábricas de ração nos últimos anos. Com geração de emprego e renda, a cidade, de apenas 11 mil habitantes, que sofria com o êxodo rural, viu seu Produto Interno Bruto (PIB) crescer 144% em três anos, quando passou de R$ 175,6 milhões para R$ 430,1 milhões. A receita do município cresceu 20%, com o aumento da arrecadação, os setores de comércio e serviços deslancharam e foram gerados mais 1,06 mil novos empregos.

São João é um exemplo de como a geração de riquezas ficou menos concentrada nos últimos anos no Paraná. Se em 2010 o Interior gerava 55,2% do PIB paranaense, em 2013 (dado mais recente disponível), essa participação havia alcançado 58,7%, de acordo com dados do IBGE e do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes). No período, o PIB do Interior passou de R$ 124,4 bilhões para R$ 195,4 bilhões.

Das 20 cidades que mais cresceram economicamente no Estado no período, 18 são do Interior (fora da Região Metropolitana de Curitiba), a maioria pequenos municípios. No topo estão cidades que mais que dobraram o PIB, como Sabáudia, na região Norte, que ampliou seu PIB em 139,6%, Arapuã, com avanço de 138,5%, Indianópolis, com 132,7%, Pérola, com 132,2% e Cafelândia, com 127,5%. Apenas dois estão situados na Região Metropolitana de Curitiba – Quatro Barras (110,6%) e Campo Largo (97,5%).

Juntos, somente esses municípios acumulam um saldo positivo de 13 mil vagas formais entre 2010 e 2013, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). “Os dados de emprego confirmam que o desenvolvimento a economia tem um reflexo social importante, que é a geração de mais empregos”, diz Suelen Glinski dos Santos, economista do Observatório do Trabalho, da Secretaria da Justiça e Direitos Humanos. 

INVESTIMENTOS - “O Paraná era um Estado muito mais concentrado e desigual e passou por um processo de transformação nos últimos anos, impulsionado pelos investimentos produtivos e pelos aportes do governo estadual em infraestrutura de transporte, como em rodovias e no Porto de Paranaguá. Hoje temos um Estado muito mais igual do ponto de vista econômico”, diz Julio Suzuki Júnior, diretor-presidente do Ipardes. 

GANHOU FORÇA - O Interior ganhou força, principalmente, com investimentos apoiados pelo Paraná Competitivo, programa de incentivos estadual que levou cerca de R$ 14,2 bilhões em investimentos produtivos somente para o Interior do Estado desde 2011. O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) também reforçou sua presença com apoio às cooperativas agropecuárias. 

EMPREGOS - A cadeia produtiva ligada aos frigoríficos, e a indústria do vestuário, a produção de grãos e florestal foram os setores que mais geraram empregos nos 20 municípios que mais cresceram no Estado. 

Em São João, o abatedouro de aves foi instalado pela Coasul Cooperativa Agroindustrial, que tem sede na cidade e 8 mil cooperados. O frigorífico, que abate 160 mil aves por dia, emprega 1,7 mil pessoas, a maioria de São João e das cidades vizinhas, de acordo com o gerente técnico e industrial, Paulo Fachin. O investimento, que teve apoio do BRDE, impulsionou outros setores, como o de serviços. “Hoje temos um restaurante aqui que serve 1,7 mil refeições por dia. Contratamos prestadores de serviços de transporte que fazem a coleta do frango vivo e entregam no frigorífico e os que levam a produção até o porto”, diz. Atualmente 50% da produção tem como destino a exportação. 

RESULTADOS PERDURAM - “A instalação do frigorífico e das duas fábricas de ração mudaram a economia da cidade. Chegamos a ter 16 mil habitantes, população que caiu para 8 mil e hoje devemos ter perto de 11 mil novamente. Isso significa que as pessoas estão tendo a oportunidade de ficar no município. Recebemos muita gente de outras cidades também”, diz o prefeito de São João, Altair José Gasparetto.

Para o presidente da Associação Comercial e Industrial (Acim) de São João, Odi José Manfroi, o município sofreu menos os efeitos da crise já que a agricultura ainda se mantém a principal atividade da cidade. “É uma região de forte produção de grãos e leite. O comércio e os serviços cresceram nos últimos anos por conta disso”, diz. 

Pérola, na região Noroeste, que viveu do café até os anos 1970, quando a geada negra dizimou os cafezais, é outro exemplo de desenvolvimento econômico. Nos últimos anos, a cidade se transformou em um polo de vestuário. As primeiras marcas começaram a montar fábricas no município em 2009 e o auge da produção foi até 2013. “Foi um período muito bom, com crescimento do Produto Interno Bruto e da geração de empregos”, diz o prefeito, Darlan Scalco. “Daí veio a crise, a entrada dos produtos chineses e as empresas passaram por dificuldades”, diz. A situação, porém, deu alguns sinais de melhora com a alta do dólar e a expectativa, de acordo com ele, é que o polo de vestuário volte a crescer a partir do fim do próximo ano.

COOPERATIVAS - Das 20 cidades no ranking de maior crescimento econômico, 13 estão em área de abrangência das cooperativas, que nos últimos anos reforçaram investimentos na industrialização da produção. De acordo com dados da Organização das Cooperativas do Estado (Ocepar), entre 2010 e 2013 foram investidos pelo sistema R$ 5,61 bilhões.

Somente a Coamo, maior cooperativa do Estado, investiu R$ 50 milhões nos últimos cinco anos em melhorias de armazenagem e entrepostos em cidades que tiveram alto crescimento, como Arapuã, Goioxim e Roncador.

Fonte: AEN-PR

 
 
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