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ÚLTIMAS NOTÍCIAS / Cartas são estímulo para ler e escrever
Projetos incentivam alunos a trocar correspondências em papel para desenvolver a escrita e interesses comuns
Quinta-feira, 18 de março de 2010
 
 

Ensinar por meio de cartas. Muita gente pode considerar esta prática arcaica na chamada era digital, mas iniciativas adotadas por professores no Paraná provam que as correspondências em papel podem trazer diversos benefícios para os alunos. Além do divertimento, as crianças desenvolvem a escrita, exercitam a criatividade e aumentam o interesse por diferentes assuntos.

Há seis anos, a professora de ensino religioso Icléa Gusso desenvolve o projeto Correio na Escola. O trabalho é realizado com alunos do 3.ª e 4.ª ano do ensino fundamental na Escola Municipal Mirazinha Braga, que fica no bairro Bom Retiro, em Curitiba. Ela, que andava preocupada com o pouco contato dos alunos com a escrita, conseguiu colocar 120 crianças escrevendo regularmente para os colegas, professores, inspetores e pais. Uma vez por mês, um aluno é escolhido o carteiro da escola. Ele tem a responsabilidade de receber as cartas, entregar, além de abrir e fechar a caixa do correio. “Sem perceber, eles estão desenvolvendo não só a escrita, mas a socialização, a criatividade e noções de responsabilidade”, diz Icléa.

Além das fronteiras

Algumas iniciativas vão ainda mais longe. É o caso da Escola Carrossel Dourado Integração, localizada no bairro Uberaba, em Curitiba, que neste ano iniciou um projeto em que os alunos do 3.º ano do ensino fundamental se correspondem com estudantes de outros países por meio de cartas. O Projeto Intercâmbio de Cartas é coordenado pela professora Cristiane Ribeiro, que entrou em contato com consulados no Brasil para buscar colégios dispostos a trocar correspondências com os seus alunos.

Eles, até agora, enviaram cartas para 18 instituições em 12 diferentes países. “Eles perguntam sobre a cidade, os costumes e as brincadeiras que as crianças desenvolvem nos outros países. A atividade é multiciplinar, já que, além de escrever, eles enveredam por assuntos relacionados à geografia e à história dos países”, conta Cris­tiane. As professoras de espanhol e inglês também colaboram para que as cartas sejam escritas no idioma do país de destino. Mas quando o destino das cartas é um pouco mais longe e a língua falada no país, mais difícil, como Itália, Rússia e Alemanha, os alunos têm a ajuda de alunos do curso de Relações Internacionais da Unibrasil, que providenciaram as traduções.

O projeto tem ultrapassado fronteiras. Tanto que a professora Cristiane foi convidada para ir ao México e conhecer os alunos da Escuela Republica del Brasil, na capital do país. Os alunos de Curitiba já estão preparando correspondências para os novos amigos. “Gostaria de saber se sua cidade é bonita e limpa como a minha”, escreve a jovem Camille de Souza Airosa, 7 anos, na carta pronta para ser enviada ao México. O garoto Victor Gabriel Gress Lima, 7, declara torcer para o Palmeiras e pergunta o time do seu “primeiro amigo mexicano”. E Sofia Letnar Pereira, 7, conta sobre os desenhos que faz nas cartas. “Na carta para a África do Sul desenhei um elefante, uma girafa e um menino jogando futebol. Na carta para a Rússia fiz uma bailarina com patins no gelo”, escreve.

Até outubro, a professora pretende juntar os trabalhos do ano e realizar uma apresentação aberta ao público com os alunos interpretando canções e pequenas encenações sobre os países com os quais se comunicaram. Eles também vão visitar a Agência Central dos Cor­reios para entender de que forma são enviadas as correspondências.

 

Fonte: Vitor Geron, especial para a Gazeta

 
 
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