O Valor Bruto da Produção (VBP) paranaense de 2014 deve alcançar R$ 68 bilhões em 2014, segundo estimativas do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. O valor apresenta queda de aproximadamente R$ 1 bilhão em relação ao último ano, em que foi registrada safra recorde no Estado. O principal fator para a diminuição do VBP foi a seca que atingiu o Paraná no início deste ano e causou uma quebra na safra de verão 2013/14, afetando principalmente as lavouras de soja.
Já a pecuária e o trigo apresentaram aumento representativo de produção, o que gerou um acréscimo de 12% e 38% no Valor Bruto de Produção das culturas, respectivamente. Os produtores paranaenses devem colher um total de 36 milhões de toneladas de grãos entre todas as safras – verão, outono/inverno e inverno.
SOJA – A safra 2014 de soja era tida como promissora, com expectativa de recorde de produção. Mas as altas temperaturas registradas durante janeiro, especialmente na região Norte do Estado, afetaram a cultura em grande proporção. A previsão inicial era de colheita de 16,5 milhões de toneladas do grão. A quebra de 12% da safra levou o número para uma estimativa de 14,6 milhões, produção menor que a do ano anterior.
Sendo a soja a principal cultura do Paraná, sua quebra de safra influenciará diretamente no Valor Bruto de Produção. “A seca levou a produção de soja a um déficit de aproximadamente R$ 2 bilhões em relação ao último ano”, calcula o engenheiro agrônomo Carlos Hugo Godinho, técnico do Deral.
MILHO – A primeira e segunda safra de milho tiveram uma redução de área neste ano, com produtores migrando para o plantio de soja e trigo. Com isso, a cultura apresentou um recuo de produção. Foram colhidas 15,9 milhões de toneladas, quase dois milhões a menos que a safra 2012/2013. Esses fatores, aliados à queda do preço de mercado, devem ocasionar em uma receita de aproximadamente R$ 700 milhões a menos em relação ao ano anterior.
TRIGO – O trigo deve dobrar a produção, passando de 1,9 milhão de toneladas para 3,8 neste ano. Um dos fatores que influenciou este aumento foi a forte geada que atingiu a cultura e ocasionou uma quebra de 30% na safra 2012/13.
“Além de não ter sofrido perdas significativas com geada neste ano, o trigo foi a grande aposta de muitos produtores”, explica Carlos Hugo. Segundo o engenheiro agrônomo, a pouca oferta do último ano em função da quebra de safra ocasionou um aumento de preço do grão, levando produtores a apostarem na sua rentabilidade.
A expectativa de manutenção dos altos preços, no entanto, não se manteve, sofrendo queda de 31% da safra 2012/13 para a de 2013/14. Apesar da queda dos valores, o aumento da produção foi o suficiente para gerar um acréscimo de R$ 500 milhões no VBP da cultura.
MANDIOCA – A mandioca é mais uma das culturas que teve queda de preço, embora esteja previsto um aumento de produção. Para esta safra estima-se a colheita de 4,1 milhões de toneladas, número relativamente maior do que as 3,8 milhões de toneladas colhidas na safra 2012/2013.
De acordo com Carlos Hugo, a cultura sofre uma redução de preços em função da menor procura, o que deve ocasionar a redução de R$ 500 milhões no Valor Bruto de Produção. “A mandioca teve um aumento de preço nos dois últimos anos em função da seca no Nordeste do Brasil. Com a baixa produção na região, o Paraná registrou um aumento na exportação do produto para outros estados. Neste ano, o preço da mandioca caiu com a menor procura”, afirma.
PECUÁRIA – A pecuária é um dos setores que tem apresentado mais estabilidade de preços e aumento de produção nos últimos anos. Com o crescimento, a atividade espera um acréscimo de R$ 2 bilhões no Valor Bruto de Produção de 2014, o equivalente a um aumento de 12% em relação ao último VBP, compensando a retração da soja. A atividade de mais destaque é a avicultura, responsável por mais de um terço do valor a ser arrecadado.
Ainda conforme a previsão do Deral, outras culturas merecem destaque. Uma delas é o feijão, que sofreu com a queda de preços nas duas safras, sendo 30% na primeira e 50% na segunda, gerando uma retração de aproximadamente R$ 500 milhões no valor do VBP do grão. Já a cana-de-açúcar mantém a estabilidade, contando com preços acima da inflação e um aumento de 6% no valor de produção. No caso do fumo, a produção passou de 158 mil toneladas em 2013 para 172 mil neste ano, apresentando um aumento de 14% de VBP.